Subscribe:

Ads 468x60px

Lendas e tradições

                                                      maculele

                               

                         

Existe em Santo Amaro da Purificação, Bahia, uma dança, um jogo de bastões remanescentes dos antigos índios cucumbis. É o maculelê. Esta "dança de porrete" tem origem Afro-indígina, pois foi trazida dos negros da África para cá e aqui foi mesclada com alguma coisa da cultura dos índios que aqui já viviam.

A característica principal desta dança é a batida dos porretes uns contra os outros em determinados trechos da música que é cantada acompanhada pela forte batida do atabaque. Esta batida é feita quando, no final de cada frase da música os dois dançarinos cruzam os porretes batendo-os dois a dois.

Os passos da dança se assemelham muito aos do frevo pernambucano, são saltos, agachamentos, cruzadas de pernas, etc. As batidas não cobrem apenas os intervalos do canto, elas dão ritmo fundamental para a execução de muitos trejeitos de corpo dos dançarinos.

O maculelê tem muitos traços marcados que se assemelham a outras danças tradicionais do Brasil como o Moçambique de São Paulo, a Cana-verde de Vassouras-RJ, o Bate-pau de Mato Grosso, o Tudundun do Pará, o Frevo de Pernambuco, etc.

Se formos olhar pelo lado do conceito de que maculelê é a dança do canavial, teremos um outro conceito que diria ser esta uma dança que os escravos praticavam no meio dos canaviais, com cepos de canas nas mãos para extravasar todo o ódio que sentiam pelas atrocidades dos feitores. Eles diziam que era dança, mas na verdade era uma forma de luta contra os horrores da escravidão e do cativeiro. Os cepos de cana substituíam as armas que eles não podiam ter e/ou pedaços de pau que por ventura encontrassem na hora.

Enquanto "brincavam" com os cepos de cana no meio do canavial, os negros cantavam músicas que evidenciavam o ódio. Porém, eles as cantavam nos dialetos que trouxeram da África para que os feitores não entendessem o sentido das palavras. Assim como a "brincadeira de Angola" camuflou a periculosidade dos movimentos da capoeira, a dança do maculelê também era uma maneira de esconder os perigos das porretadas desta dança. Uma outra versão diz que para se safarem das chibatadas dos feitores e capatazes dos engenhos, os negros dos canaviais se defendiam com pedaços de pau e facões.

Aos golpes e investidas dos feitores contra os negros, estes se defendiam com largas cruzadas de pernas e fortes porretadas que atingiam principalmente a cabeça ou as pernas dos feitores de acordo com o abaixar e levantar do negro com os porretes em punho. Além desta defesa, os negros pulavam de um lado pro outro dificultando o assédio do feitor. Para as lutas travadas durante o dia, os negros treinavam durante a noite nos terreiros das senzalas com paus em chama que retiravam das fogueiras, trazendo ainda mais perigo para o agressor.

Atualmente a dança do maculelê é muito praticada para ser admirada. É parte certa na apresentação de grupos de capoeira e em eventos realizados como formatura, encontros, batizados, etc. É fundamental se preservar a dança do maculelê, ensina-la com destreza e capacidade aos alunos para que eles possam eventualmente fazer belas apresentações.

É maravilhoso podermos ver um maculelê bem feito, dançado por belas garotas vestidas a caráter ou por rapazes negros, fortes e raçudos. O maculelê pode ser feito com porretes de pau, facões ou facas, mas, alguns grupos praticam o maculelê com tochas de fogo ou "tições" retirados na hora de uma fogueira que também fica no meio da roda junto com os dançarinos. É um espetáculo perigoso, pois corre-se o risco de se queimar. Porém, é uma das coisas mais bonitas de se ver. Exige muita habilidade dos dançarinos.

"Sou eu, sou eu ... sou eu maculelê, sou eu ..." " Ô ... boa noite pra quem é de boa noite Ô ... bom dia prá quem é bom dia A benção meu papai a benção Maculelê é o rei da valentia ..." 

 

 

 

 

Puxada de rede.

A Puxada de Rede, era  a atividade pesqueira dos negros recém-libertos, que encontraram na pesca do “xaréu” uma forma de sobreviverem, seja no comércio, seja para seu próprio sustento. Nos meses decorrentes entre outubro e abril, esses peixes procuravam as águas quentes do litoral nordestino afim de procriarem. Então era a época certa para lançarem a rede ao mar.

Era uma atividade muito laboriosa. Exigia-se um esforço tremendo e um número muito grande de homens para a tarefa. Os pescadores iam para o mar de madrugada ou às vezes até à noite,  para lançar a enorme rede, para só então de manhã puxarem. A puxada da rede era acompanhada de cânticos na maioria em ritmo triste que representavam o labor e a dificuldade da vida daqueles que tiram o seu sustento do mar. 

Além dos cânticos, os atabaques e as batidas sincronizadas dos pés davam o ritmo para que os homens não desanimassem e continuassem a puxar a enorme rede, o que paradoxalmente dava um ar de ritual e beleza àquela atividade. Quando enfim terminavam de puxar a rede, eram entoados cânticos em agradecimento à pescaria e o peixe era partilhado entre os pescadores e começava o festejo em comemoração.

A Lenda

Alguns contam que o ritual da Puxada de Rede começou com uma lenda.
Um pescador saiu à noite para pescar com seus companheiros, como de costume e apesar da advertência de sua mulher que o repreendeu acerca dos perigos de se entrar em alto mar à noite, se embrenhou na imensa escuridão do mar negro da noite, levando consigo apenas um a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes. Sua esposa pressentindo algo ruim, foi para a beira da praia esperar o regresso do marido. Quando esta menos esperava se surpreendeu com a visão dos pescadores voltando do mar muito antes do horário previsto. Todos os pescadores voltaram com exceção do seu marido que por descuido havia caído no mar e como estava escuro nada puderam fazer. A recém viúva cai em prantos. De manhã os pescadores ao puxarem a rede percebem que estava muito pesada para uma pescaria ruim e ao terminarem de puxar a rede vêem o corpo do companheiro junto aos poucos peixes que pescaram. Os companheiros então carregam o corpo do pescador nos ombros em procissão, pois não tem dinheiro o suficiente para pagar uma urna e fazer um enterro digno.

A música na roda de capoeira.


Bateria de capoeira

A música funciona como a alma da roda de Capoeira.
 Ela influencia diretamente o
jogo, contagia a platéia e alimenta o jogador.
As músicas devem ser cantadas com sentimento. Suas letras devem estar relacionadas
com o jogo, com o jogador, ou com a roda de alguma forma.
Nas cantigas de Capoeira reside enorme riqueza de conteúdo e detalhes sóciohistóricos e culturais, retratando a vida brasileira de outrora e do presente. Elas são  “poesias” e “cancões” narrando e recriando lendas, mitos, e e histórias; são
poesias e canções melodiando o entendimento universal da musica: são poesias e
canções discorrendo sobre os usos e costumes populares; são poesias e canções
encarnando nos trejeitos dos contadores, a linguagem e o simbólico populares; contam
as vidas de grandes mestres como Zumbi, Besouro, Manduca da Praia, Bimba,
Pastinha, Waldemar da Paixão e outros; evocam lugares e santos protetores; fazem
escárnios e desafios; enaltecem feitos e habilidades de capoeiristas do passado e do
presente; narram momentos do jogo, de uma ocorrência, uma advertência ou uma
vontade do cantador.

- O CANTO NA CAPOEIRA ANGOLA
Na roda de Capoeira Angola, o cantador geralmente é aquele que está com o Gunga,
salvo quando um capoeirista agachado no pé do berimbau deseja cantar uma ladainha
neste caso, ao terminar, deverá devolver a vez para aquele que
estiver com o Gunga.
- As músicas na Capoeira Angola são classificadas da seguinte forma:
LADAINHA – São músicas que iniciam a roda. São, geralmente mais longas que os
corridos e quadras e falam de sentimento do capoeirista, contam historias sobre
personagens importantes ou do cotidiano, ou passam mensagens para os jogadores e
para o público.
CORRIDOS – São músicas curtas. Geralmente, nascem de improvisos, e falam
principalmente do jogo em si e o refrão constante e sua identidade. O solista canta
alternadamente com o coro.
CHULA – É uma espécie de corrido, alternado com as estrofes da ladainha ou no final
dela.
LOUVAÇÕES – Louvam a Deus, o mestre, a Capoeira, uma cidade.
O IÉ – É um recurso utilizado por alguns capoeiristas para chamar a atenção para o
começo da ladainha.

(OBS: 1- Ladainha
            2-louvação
            3-corrido - aonde se começa o jogo
no cantos Ladainha e Louvação não se joga.) 

- O CANTO DA CAPOEIRA REGIONAL
Na Capoeira Regional, as quadras e corridos são predominantes como formas de
músicas.
QUADRAS – São músicas especificas da Capoeira Regional, parecem-se com as
ladainhas, mas são menores e os versas são feitos em quadras.
Mestre Bimba cantava várias quadras durante a roda e os alunos jogavam
normalmente sem interromperem o jogo.