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Os grandes mestres da capoeira

mestre camisa


José Tadeu Carneiro Cardoso (Jacobina, Bahia, 1956) mais conhecido como Mestre Camisa é um mestre e professor de capoeira brasileiro.
Ele e seu irmão Camisa Roxa são os fundadores do grupo ABADÁ-Capoeira, presente em vários países do mundo.
Começou o aprendizado da capoeira com o irmão mais velho, Camisa Roxa, aluno de mestre Bimba. Em 1964 a família mudou-se para Salvador.
Integrou a academia de mestre Bimba onde logo se formou em 1969.
Participou como capoeirista de numerosos shows folclóricos organizados por seu irmão Camisa Roxa. Em 1972, aos 16 anos portanto, abandonou os estudos para profissionalizar-se como capoeirista no Rio de Janeiro.
Passou a ensinar no grupo Senzala. Paralelamente, a relação com o irmão Camisa Roxa propiciava-lhe conhecer o exterior, viajando para participar de espetáculos, principalmente na Europa.
Aproveitava para dar aulas de capoeira; desse jeito, os integrantes dos shows criaram destacamentos do grupo Senzala, principalmente na Alemanha e na França.
Por volta de 1988, Mestre Camisa, já com nome, separou-se do grupo Senzala para fundar a Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte - Capoeira, conhecida sobre o acrónimo ABADA.


                                                                 mestre faísca 

Infância
Nascido em São José do Rio Pardo, interior do Estado de São Paulo, Luís Roberto Ricardo, hoje conhecido como Mestre Faísca, filho de Maria Aparecida da Silva Ricardo e José Ricardo Filho, foi criado pela sua mãe na ausência do seu Pai, ao lado de mais 7 irmãos.
Para o sustento dos filhos, a heroína Maria lavava roupa e cozinhava em casa de família. Chegou a acumular vários ofícios ao mesmo tempo, trabalhando durante o dia na cozinha de um hotel e à noite em um restaurante, pouco podendo ficar em casa.
Mestre Faísca, desde a infância se interessava por esportes, e costumava ir a um mato ralo, no bairro João de Souza, treinar com colegas.
A mãe, cansada de sofrimento, não aprovava esta atitude. Ela achava que seu filho teria que estudar e ter carteira profissional assinada, pois luta era coisa de gente à toa.
Início na Capoeira
A partir de uma visão afro-descendente, de que se nasce Capoeira, foi na adolescência que Mestre Faísca começou a se orientar com os movimentos da luta-arte. Seu início se deu em São José do Rio Pardo – SP, com um capoeirista de nome Luiz Carlos Viana, e que tempos depois abandonou a Capoeira.
Mestre Faísca, que não desistiu, veio ministrar suas primeiras aulas de capoeira na cidade de Mococa-SP, iniciando seu primeiro grupo.
Em seguida, buscou apoio junto ao Mestre Izael Teixeira, na cidade de São Carlos – SP, que não lhe negou. Mestre Faísca, então, iniciou uma luta incessante para o resgate da Capoeira Angola, que à época, no estado de São Paulo em sua região, era intitulada somente de “Capoeira”.
No ano de 1991 realizou sua primeira aula de Capoeira com Mestre João Pequeno de Pastinha, na Universidade de São Paulo – USP, o qual, mais tarde, se tornaria seu Mestre.
Mestre Izael, opta por resgatar a Capoeira Regional de Mestre Bimba, período em que Mestre Faísca se desliga da escola, dando continuidade à capoeira com seu grupo e após muita pesquisa e trabalho, chega à essência da Capoeira Angola que tanto idealizava.
Durante suas pesquisas, Mestre Faísca teve uma pequena passagem, unindo seu grupo de Capoeira Angola com o Grupo Semente do Jogo de Angola, mas logo observou que este não correspondia às suas expectativas, vindo em seguida a se desligar.
Em Salvador
Em 1996, fixou residência em Salvador, indo ao encontro daquele que lhe realiza - Mestre João Pequeno de Pastinha. Logo começou a fazer parte da Academia de João Pequeno de Pastinha - Centro Esportivo de Capoeira Angola no Forte Santo Antônio Além do Carmo.
Mestre Faísca e demais alunos que freqüentavam o Forte Santo Antônio à época, se sentem privilegiados, recebendo aulas práticas de Capoeira Angola diretamente de Mestre João Pequeno de Pastinha, que retornava a ministrar aulas todas as segundas-feiras. Com o passar do tempo, seu esforço é valorizado, tendo seus trabalhos realizados no estado de São Paulo e na Bahia reconhecidos pela comunidade capoeirística nacional e internacional.
Formatura
Em 2001, em uma reunião, Mestre João Pequeno de Pastinha profere uma frase: "Vou formar o Faísca à Mestre, pois o trabalho dele está bonito e ele está merecendo". No dia 14 de outubro do mesmo ano, em evento realizado na Academia do Forte Santo Antônio Além do Carmo, Salvador-Ba, Luís Roberto Ricardo recebe pelas mãos de Mestre João Pequeno o título de Mestre, oficializando-o como Mestre Faísca frente à comunidade capoeirítica.
Para Mestre Faísca, a orientação de Mestre João Pequeno de Pastinha confirmou o caminho a ser seguido. Deu a ele a certeza de como agir no relacionamento com o outro e com a Capoeira.
Foi com ele que Mestre Faísca, pela primeira vez, conheceu o sentido da relação Mestre-Discípulo. E desde então, a Capoeira Angola adquire para Mestre Faísca uma importância vital. Ele não concebe outro caminho para si diferente deste, trilhado até hoje. Atualmente, Mestre Faísca está na direção direta do Centro Esportivo de Capoeira Angola - Academia de João Pequeno de Pastinha (CECA-AJPP) do bairro do Rio Vermelho, Salvador - Ba. Além desta, Mestre Faísca coordena outras unidades do CECA - AJPP localizadas em outros estados e países.
O trabalho realizado pelo Mestre Faísca tem o objetivo de preservar a Cultura Africana através da Capoeira Angola, sob o viés da técnica de Mestre João Pequeno de Pastinha, utilizando-a como elemento de mudança sócio-educativa.

António Carlos de Lima, Mestre Liminha D’Ogum,
nasceu no dia 8 Agosto de 1964, Taquaritingua estado de São Paulo, Brasil. Começou a praticar Capoeira aos 13 anos de idade no Clube Volkswagen, com o Mestre Celso de Moura. Em 1984 formou-se Contra-Mestre, com o Mestre Bira e seu irmão Mestre Lima em Santos, estado de São Paulo, Brasil. No ano 1990 confirmou seu nίvel e estatuto, Mestre de Capoeira com Mestre Lima.
No mesmo ano mudou-se para o Recife, onde continuo a desenvolver seu trabalho de Capoeira na companhia do Mestre João Capoeira. No Recife, Mestre conhece Mestre TéTé. Em 1994 chega a Genebra, Suiça, onde fez parte do grupo de Capoeira (Ginga do Corpo Negro). Em 1996, Mestre Liminha por decisão sua abandona o grupo e funda “Associação de Capoeira Arte Popular” em Genebra.
Com academia criada, Mestre desenvolveu e desempenhou um trabalho de Capoeira a sua imagem. Organizou encontros de Capoeira, manifestações e outros eventos na Europa. Em 2001 realizou o seu primeiro CD de Capoeira « Revelação » em Genebra. Por motivos particulares, Mestre deu uma nova forma ao jogo, desenvolvendo e assimilando sua Capoeira numa forma tίpica africana, confirmando um estilo próprio, (Capoeira Antiga).
Em 2004 realizou seu segundo CD de Capoeira « Geração Africana » em França, Clermont-Ferrand, com participação do aluno Ataare da Costa. Mestre deu inίcio aos seus projectos da Capoeira Antiga. Foi um defensor completo sobre os valores da cultura afro-brasileira na Europa.
A vida do Mestre é cheia de histórias em volta da Capoeira, Mestre influênciou uma nova geração de capoeristas. Foi exemplar na maneira de ensinar e transmitir sua capacidade pela Arte. Viveu e conviveu toda sua vida pela Capoeira. Mas por motivos de saúde, Mestre Liminha D’Ogum veio a falecer no dia 3 Novembro de 2005 em Genebra, Suiça. Tinha completado os seus 41 anos de idade. 

Homenagem do mês: Mestre Totonho de Maré

Mestre Totonho de Maré, Antonio Laurindo das Neves, nasceu em 17 de setembro de 1894 na Ilha de Maré, localizada na Baía de Todos os Santos em Salvador. Filho de Manoel Gasparino Neves e de Margarida Neves, faleceu em 18 de outubro de 1974, aos 80 anos. Mestre Maré foi um dos fundadores da famosa Gengibirra ao lado de importantes figuras da Capoeira Angola como Mestres Noronha, Amorzinho, Aberrê, entre outros. Foi muito respeitado nas rodas de capoeira e costumava cantar uma quadra que indicava o lugar privilegiado que ocupava na capoeira angola. Mestre Maré utilizava a expressão “galanteria da capoeira” quando se referia aos antigos mestres da capoeira baiana.

Quem quer saber do meu nome,
como foi dado na pia*

Mestre Bimba

Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) filho de Luiz Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim,  nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua mãe fez com a parteira que o " aparou " .  Ao contrário do que a  Mãe achava, a parteira disse que iria nascer um menino, se fosse receberia o apelido de "Bimba" pôr se tratar, na Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino.
Começou a praticar capoeira aos 12 anos de idade na estrada das Boiadas, hoje o Bairro Negro da Liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação Baiana. Foi estivador durante 14 anos e começou a ensinar capoeira  aos 18 anos de idade no Bairro onde nasceu no "Clube União em Apuros". Até 1918 não existia academias como hoje e treinava-se nas esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato.
Consideramos ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido ao fato de os movimentos eram extremamente disfarçados, mestre Bimba resolveu desenvolver um estilo de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um grande lutador, considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade,  introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz.  Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou "Capoeira Regional Baiana" por ser esta praticada única e exclusivamente em Salvador.
A partir da década de 30, com a implantação do Estado Novo, o Brasil atravessou uma fase de grandes transformações políticas e culturais, onde os ideais nacionalistas e de modernização ficaram em evidência.Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que o seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas.  Em 1936 fez a 1º apresentação  do trabalho e no  ano seguinte foi  convidado pelo governador da Bahia,o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação do palácio do governador onde estavam presentes autoridades e convidados, inclusive o presidente da época que gostou muito da apresentação. 
Dessa forma a capoeira é reconhecida como"Esporte Nacional" Mestre Bimba foi reconhecido pela Sec. Ed. Ass. Pública ao estado da Bahia como Professor de Educação física e sua academia foi a 1ª no Brasil reconhecida por Lei.
O que faz com que Mestre Bimba se destacasse dos demais capoeiristas de sua época, é que ele foi o  1º  a  desenvolver um sistema de ensino e a ensinar em recinto fechado. Além desse sistema, ele elaborou  técnicas  de  defesa Pessoal até mesmo  contra armas. Mestre Bimba preocupava-se demais com a imagem da  Capoeira, não permitindo  treinar  em sua academia aqueles que não trabalhavam nem estudavam.
Em 1973, Mestre Bimba, por motivos financeiros, deixou a Bahia, sob acusação de que os "Poderes Públicos" Jamais haviam o ajudado. Faleceu em Fevereiro de 1974 em Goiânia, vítima de um derrame cerebral.
Mestre Bimba desenvolveu o 1º método de ensino que vemos a seguir como ele funcionava:

• Exame de admissão

Dizia-se que em outros tempos, Mestre Bimba aplicava uma "Gravata" no pescoço do indivíduo que quisesse treinar e dizia "Agüenta ai sem chiar", Se agüentasse o tempo que ele mesmo determinava estaria matriculado. Mestre Bimba justificava esse critério dizendo que só queria macho em sua academia. Mais tarde mudou os critérios, Submetendo o Candidato a fazer alguns movimentos para que ele pudesse avaliar se o pretendente tinha condição ou não para praticar a capoeira regional. A próxima fase seria aprender a "Seqüência de Ensino".

• O Aprendizado

O aluno nessa fase aprendia o que se chamava "Seqüência de Ensino" que eram as oito seqüências de movimentos de ataque, esquivas e contra ataque destinado somente aos iniciantes, simulando as situações mais comuns que o aluno enfrentaria durante o jogo de capoeira.
Esse foi o 1º método de ensino criado para ensinas alguém a jogar capoeira e o calouro treinava essas seqüências em  duplas sem o acompanhamento dos instrumentos. Quando estas estivessem bem decoradas o Mestre dizia: "Amanha você vai entrar no aço, no aço do Berimbau".
Era comum naquele tempo dizerem que o capoeirista quando agarrado, não tinha como reagir.  Então mestre Bimba, com sua criatividade ensinava seus alunos quais eram as melhores saídas. Todos esses ensinamentos faziam com que o método de mestre Bimba fosse incomparável e esse treinamento durava cerca de 3 meses só então é que o aluno seria batizado.

O batizado era quando o aluno jogava pela 1ª vez na roda com o acompanhamento dos  instrumentos que era formado por 1 berimbau e 2 pandeiros. O mestre escolhia o formado que jogaria com o calouro e então tocava o toque que caracteriza a capoeira regional, para isso o calouro era colocado no centro da roda para que o formado ou o próprio mestre desse um apelido a ele. Escolhido o "nome de guerra" todos aplaudiam e então o mestre mandava o calouro pedir a  "Benção" do padrinho, e ao estender a mão para o formado que o batizou, receberia uma "Benção"(Golpe frontal dado com a parte inferior do pé empurrando o adversário na altura do peito) que o jogava no chão. Era necessários pelo menos, 6 meses de treino para se formar na Capoeira Regional. O exame era realizado em 4 domingos seguidos, no Nordeste de Amaralina, academia do mestre, os alunos a serem examinados eram escolhidos por ele.
Durante 4 dias os alunos eram submetidos a algumas situações onde teriam que mostrar os valores adquiridos durante a fase de aprendizado, como por exemplo: força, reflexo, flexibilidade e etc. No último domingo é que o mestre dizia quem havia sido aprovado e então ensinava novos golpes e também marcava o dia da formatura.
A cerimônia iniciava com uma roda de formados antigos para que as madrinhas e os convidados pudessem ver o que era a Capoeira Regional. Mestre Bimba ficava ao lado do som, que era formado por 1 Berimbau e 2 pandeiros, comandando a roda e cantando as músicas características da Regional.
Terminada a roda, o mestre chamava o orador que geralmente era um formado mais antigo para falar um breve histórico da Capoeira Regional e do mestre. Após o histórico, o mestre entregava as medalhas aos paraninfos e os lenços azuis (Graduação dos Formados) as madrinhas.O paraninfos colocava a medalha ao lado esquerdo do peito do Formado e as madrinhas colocavam os lenços nos pescoços dos seus respectivos afilhados. A partir dai os formados demonstravam alguns movimentos a pedido do mestre para mostrar a sua competência, incluindo os movimentos de "cintura desprezada", "jogo de floreio" e o "escrete" que era o jogo combinado com o uso dos Balões.
Para terminar, chegava a hora do "Tira-medalha" onde o recém formado jogava com um formado antigo que tentava tirar a sua medalha com qualquer golpe aplicado com o pé. Só então depois de passar por isso tudo é que o aluno poderia se considerar aluno formado de mestre Bimba, tendo direito até de jogar na roda quando o mestre estivesse tocando Iuna que é o toque (onde quem joga hoje são só os mestres) criado por ele para esse fim. A partir dai só restava o curso de especialização que veremos a seguir.
Tinha duração de 3 meses, sendo 2 na academia e 1 nas matas da Chapada do Rio Vermelho Tratava-se de um treinamento de guerrilha, onde aconteciam as emboscadas, armadilhas e etc., que consistia em submeter o formado a situações das mais difíceis, desde defender-se de 3 ou mais Capoeiristas, até defender-se de armas. Terminado o curso, o mestre fazia a mesma festa para os novos especializados, e estes recebiam o lenço vermelho a cor que representava a nova graduação. O aluno que se formava ou se especializava, tinha a o dever de pendurar um quadro com a foto mestre, do padrinho, do orador, e a própria foto.


  

Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana. 

Menino ainda, Mestre Pastinha conheceu a arte da capoeira com apenas 8 anos de idade, quando um africano que chamava carinhosamente de Tio Benedito, ao ver o menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe a arte da Capoeira. Durante três anos, Pastinha passou tardes inteiras num velho sobrado da Rua do Tijolo, em Salvador, treinando golpes como meia-lua, rasteira, rabo-de-arraia e outros. Ali aprendeu a jogar com a vida e a ser um vencedor.

Viveu uma infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs freqüentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava pipa e jogava Capoeira. Aos treze anos era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado na Escola de Aprendizes Marinheiros por seu pai, que não concordava muito com a vadiagem do moleque. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da Capoeira.
Aos 21 anos voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura e exercer o ofício de pintor profissional. Suas horas de folga eram dedicadas à prática da Capoeira, cujos treinos eram feitos às escondidas, pois no início do século esta luta era crime previsto no Código Penal da República.

Em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, no casarão n.º 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de Capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Mestre Pastinha e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração de Mestre Pastinha.
Mestre Pastinha viajou boa parte do mundo levando a Capoeira para representar o Brasil em vários festivais de arte negra. Ele usava todos os seus talentos para valorizar a arte da Capoeira. Fazia versos e chegou a escrever um livro, Capoeira Angola, publicado em 1964, pela Gráfica Loreto. Mestre Pastinha trabalhou muito em prol da Capoeira, divulgou a arte o quanto lhe foi possível e foi reconhecido por muitos famosos que se maravilharam com suas exibições.

Aos 84 anos e muito debilitado fisicamente, deixou a antiga sede da Academia para morar num quartinho velho do Pelourinho, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia e a única renda financeira que tinha era a das vendas dos acarajés que sua esposa vendia. No dia 12 de abril de 1981, Pastinha participou do último jogo de sua vida. Desta vez, com a própria morte. Ele, que tantas vezes jogou com a vida, acabou derrotado pela doença e pela miséria. Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, no abrigo D. Pedro II, em Salvador.

Morreu Mestre Pastinha numa sexta-feira, 13 de Novembro de 1981, vítima de uma parada cardíaca que, no estado frágil em que se encontrava, foi fatal.

Mestre Boca Rica

Manoel Silva, aluno de Mestre Pastinha na década de 60, Mestre Boca Rica, nasceu em 26 de novembro de 1938, em Maragogipe, Bahia, é um dos grandes mestres e uma lenda dentro da capoeira.

O apelido foi dado pelo Mestre Pastinha, tendo em vista o mesmo usar dentes de ouro em toda parte superior da boca, mestre que tinha enorme preocupação com a bateria da capoeira e exigia de seus alunos esmero para tocar.

Era um Mestre que tentava compreender as aspirações e aflições das pessoas, procurando sempre expor seu conhecimento sem confrontar aqueles que divergem de sua opinião.
Mestre cantador, fazendo todos que o ouviam cantar emocionar-se, tendo por testemunho de diversas pessoas chegarem a chorar com suas Ladainhas bem cantadas, tem a capoeira como marca registrada na sua vida, viajando pelo mundo todo para falar e jogar capoeira.






Mestre Canjiquinha

Nombre: Washington Bruno da Silva
Pais: Brasil
Ciudad: Salvador, Bahia
Nacimiento: 25-09-1925
Defunción: 1994
Origin: Mestre Aberrê
Washington Bruno da Silva – Mestre Canjiquinha, nasceu a 25 de setembro de 1925, em Salvador. Discípulo do Mestre Raimundo Aberre, natural de Santo Amaro da Purificação, Canjiquinha foi um dos capoeiras que mais visibilidade deu a sua arte, viajando por todo o Brasil em exibições e também atuando em muitos filmes entre ao quais, Barlavento (Glauber Rocha) e O pagador de Promessas (Anselmo Duarte).
A partir dos anos 60, quando a capoeira se tornou mais conhecida e divulgada no Brasil, a figura do Mestre Canjiquinha ganhou maior relevo. Sua academia tornou-se uma das principais agências de formação de novos capoeiristas com Mestre Paulo Dos Anjos, Geni, Lua – que se tornaram mestres de outros e contribuídores para a expansão da capoeira em outros paises. São os responsáveis pela continuidade da herança de Canjiquinha. A este a capoeira deve uma serie de invenções sendo as mais conhecidas aquelas que ele introduziu nos toques e jogos : Muzenza, Samango, Samba de Angola.
“Canjiquinha é um capoeira jovem e ágil, fazendo com que se destaque entre os seus companheiros, porém o seu maior destaque é no canto e no toque. Canta como bem poucos e com um repertório vastíssimo, inclusive com uma grande facilidade de improvisar e de todos é quem mais tem contribuído para a adaptação de outros cânticos do folclore, à capoeira”
Fuente capoeiranacao.org
“A Capoeira é alegria, é encanto, é segredo”
Washington Bruno da Silva, nasceu em Salvador (BA), filho de D. Amália Maria da Conceição. Aprendeu Capoeira com Antônio Raimundo – o legendário Mestre Aberrê. Iniciou-se na Capoeira em 1935, na Baixa do Tubo, no Matatu Pequeno. “No banheiro do finado Otaviano” (um banheiro público). Filho de lavadeira, Mestre Canjiquinha foi sapateiro, entregador de marmita, mecanógrafo. Dentre outras atividades foi também jogador de futebol (goleiro) do Ypiranga Esporte Clube, além de cantor de boleros nas noites soteropolitanas.
Foi um visionário da capoeira, dizia sempre aos seus alunos” A capoeira não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o mundo”. Tinha uma característica toda própria de tocar o berimbau, instrumento que segurava com a mão direita e tocava com a vaqueta na mão esquerda, mantendo o berimbau a altura do peito. Canjiquinha na sua ascensão, mesmo não tendo sido aluno do Mestre Pastinha foi Contra Mestre na academia deste. Ao sair fundou, já como Mestre, a sua própria academia. ASS. De capoeira Canjiquinha e seus amigos, fundada em 22/05/52, por onde passaram grandes capoeiras, alguns dos quais hoje renomados Mestres: Manoel Pé de Bode, Antonio Diabo, Foca, Roberto Grande, Roberto Veneno, Roberto Macaco, Burro Inchado, Cristo Seco, Garrafão, Sibe, Alberto, Paulo Dedinho (conhecido hoje como Mestre Paulo Dos Anjos), Madame Geni (conhecido hoje como Geni Capoeira), Olhando Pra Lua (conhecido hoje como Lua Rasta), Brasília, Sapo, Peixinho Mine-saia, Papagaio, Satubinha, Vitos Careca, Cabeleira, Língua de Teiú, Urso, Bola de Sal, Boemia Tropical, Salta Moita, Melhoral, Lucidío, Bico de Bule, Bando, Dodô, Salomé, Mercedes, Palio, Cigana, Urubu de Botina, entre outros. Canjiquinha na sua academia jamais formou alunos, seguia a seguinte graduação: Aluno, Profissional, Contra Mestre, Mestre.
Participou também dos filmes “O Pagador de Promessas”, “Operação Tumulto”, “Capitães de areia”, “Barra Vento”, “Senhor dos Navegantes” e “A moça Daquela Hora”. Além de fotonovelas com Sílvio César e Leni Lyra. Fundou o Conjunto Folclórico Aberrê.

Mestre Aberre

Mestre Aberre 

Nombre: Antonio Raimundo Aberrê
País: Brasil
Ciudad: Salvador, Bahia
Origen: Mestre Antonio de Noronha
Antonio Raimundo conhecido na Bahia como Mestre Aberre praticava capoeira na baixada do Matatu Preto no bairro do Matatu.
Treinava com diversos capoeiras como Onça Preta, Geraldo Chapeleiro, Totonho Maré, Creoni, Chico Três Pedacos, Pedro Paulo Barroquinha, finado Barboza e foi o formador do finado Mestre Caiçara e mestre Canjiquinha.
(Grupo Gingarte: http://gingartezonanorte.no.comunidades.net)
Meu nome é Washington Bruno da Silva, conhecido como Canjiquinha ou Mestre Canjiquinha. (…) Aprendi capoeira em 1935 e meu mestre foi o finado Aberrê. Se eu sei alguma coisa, a ele eu agradeço.
Eu era menino, menino. Tinha lá uma baixada chamada Matatu Preto, um morro no bairro do Matatu e lá embaixo tinha um largo, um terreiro. Lá, aos domingos, vinham todos aqueles capoeiristas, vinha Onça Preta, Geraldo Chapeleiro, Totonho Maré, Creoni, Chico Três Pedacos, Pedro Paulo Barroquinha, finado Barboza e esse cidadão chamado Antonio Raimundo, apelidado por todos Aberrê. Todo domingo eu ia la olhar, até que um dia ele me chamou e disse: “Meu fio, venha cá. Cê que aprende capoera?” Eu disse: quero. Então ele mandou eu me abaixar e vupt, deu um chute. Eu depressa dei um pulo pra trás e ele: “Óia, meu fio, a partir de hoje vô lhe ensina.”
A partir desse dia, todo domingo eu tava la e ficava naquela: vai pra lá e vem pra cá, isso é assim, desce pra lá, negativa e queda de rim… E assim ia. Às vezes ele mandava eu ficar em pé e me empurrava. Eu perguntava: “Por que empurra assim?” E ele: “Por que empurra?” e se amanhã cê tiver na rua e um cara lhe empurra? Cê sabe cair?
Em 1941, a convite de Aberrê (ex aluno de Pastinha), Pastinha foi a uma roda de domingo da Ladeira de Gengibirra, no Bairro da Liberdade, onde os melhores mestres costumavam encontra-ser. Aberrê já era famoso nessas rodas e após passar a tarde lá, um dos maiores mestres da Bahia, Mestre Amorzinho, pediu que Pastinha ficasse à frente da Capoeira Angola.